Quero começar esse texto perguntando pra você: como você tá em relação ao seu trabalho? Esse é um tema que tem aparecido muito no consultório, Vou falar aqui um pouquinho sobre um caso que estou atendendo no momento.
O Thiago (nome fictício) se sentia esgotado com o trabalho, o tempo nunca era suficiente, ele sempre estava se sentindo em dívida, porque não dava para fazer tudo que tinha planejado pra semana. E o que que ele fazia? No domingo estava lá ele sacrificando seu dia de descanso pra finalizar coisas da semana ou adiantando a agenda da semana que vem.
Podemos ver aí uma relação problemática com o trabalho. O tempo do Thiago nunca é suficiente para a quantidade de tarefas.
Thiago veio a perceber, na terapia, que seu tempo nunca seria mesmo suficiente, mesmo que ele “zerasse” toda a demanda de trabalho, pois a questão ali não era a falta de tempo, mas a criação de uma dívida com o tempo, uma dívida impagável, que fazia com que ele passasse a maior parte de seu tempo correndo com as tarefas, ao mesmo tempo em que criava para si mesmo novas demandas. O paciente não percebia que ele criava uma rotina endividada, em que por mais que ele tentasse não quitava a dívida. Em resumo, o seu tempo acelerado era uma criação sua, e não uma circunstância da vida, ou simplesmente uma realidade incontornável do “mundo do trabalho”. A partir dessa descoberta, Thiago pôde começar a estabelecer outro tipo de relação com o trabalho – e com o tempo, de maneira mais ampla.
A psicologia tem muitas questões a trazer sobre nossa relação com o trabalho. Por exemplo: o seu trabalho mais te satisfaz ou mais te oprime? Ao fim do dia você costuma se sentir esgotado, sem forças, ou se sente ainda com boa energia? Como você tem pensado a relação entre a força (física e mental) que você investe no trabalho e a satisfação que retira dele? Já pensou sobre isso?