É possível isso? Eu mesmo estar criando situações difíceis pra mim? E como fazemos isso?
Quando algo de ruim nos acontece, muitos de nós temos pensamentos automáticos de procurar uma causa, um culpado, mas não um culpado qualquer, é mais confortável encontrar um culpado “fora de nós”. Alguém nos fez mal, fomos atingidos por esse mal e isso explica e justifica a situação ruim que estamos vivendo.
Mas e se a coisa toda for mais complexa que isso? E se eu for parte do mal que me aconteceu? Como assim?
Pensemos uma situação: aconteceu algo ruim comigo, meu relacionamento terminou, por exemplo. Eu estava bastante envolvido, apaixonado, não queria, mas aconteceu, por iniciativa dele/dela e agora não estou nada bem.
É bem fácil, automático, identificar aqui a causa da minha dor: ele/ela, claro, que terminou comigo! Mas é tão fácil quanto parcial essa conclusão.
Nas nossas relações há um campo de comum, um campo de cumplicidade criado na própria relação. É importante para avançar na criação de sentido do que aconteceu comigo, abrir uma questão do tipo: “de que forma eu posso ter contribuído para isso de ruim que estou vivendo agora?” Essa abertura de pensamento e de pesquisa é válida para não criarmos uma polaridade do tipo vilão-vítima, ele/ela sendo o vilão, eu sendo a vítima, pois o lugar de vítima é um lugar de passividade, que permite um menor potencial de ação na vida. Há um campo de cumplicidade no mal que me aconteceu, e precisamos olhar pra ele para aprender, seguirmos em frente e evitar novas dificuldades semelhantes.
Mas devemos fazer uma observação de que isso não é uma fórmula do tipo “todos meus problemas, sou eu que crio”; há uma série de eventos que não dependem de mim, por exemplo, questões econômicas e sociais, ou eventos naturais diante dos quais não tenho qualquer controle. A ideia aqui é abrir uma reflexão sobre: “estou ajudando a criar os problemas que vivo? de que maneira?”, é pensar que em algumas situações ruins que vivo, pode ter o meu dedo invisível ali, e sobre esse ponto eu posso refletir e mudar. Embora possamos enfrentar desafios externos e circunstâncias adversas, nossas atitudes, escolhas e padrões de comportamento podem desempenhar um papel significativo na geração e perpetuação desses problemas.
Já parou para pensar quais são os problemas que você mesmo cria?